CTO na Nepa Stockholm / Sócio e Organizational Debugger na drunkcod AB
Quando a oportunidade bater à sua porta, você está preparado para deixá-la entrar? Ou você está ocupado, fazendo “coisas muito importantes”?
Ainda não encontrei uma empresa que não adore falar de inovação e que não tenha um desejo profundo de agir nas oportunidades logo elas chegam. Sempre falamos sobre os felizes acasos que despontam de um evento ou conversa aleatória e que geram um valor enorme.
Mesmo assim, a maioria das organizações continua buscando eficiência, tentando, acima de tudo. Garantindo que todos os “recursos” sejam sempre alocados e totalmente utilizados. Como reparou uma vez um amigo “isso é heurística, que faz com que todo mundo esteja totalmente alocado a 120% da capacidade e, desta forma, tem-se a confiança de quem pelo menos 80% será feito”.
Mas o que acontece quando você controla tão de
perto o que deve ser feito, geralmente induzindo ao estresse e sobrecarregando
o processo? Há potencial para casualidades?
Você acaba triturando a sorte. Você não consegue
ouvir a oportunidade batendo. A primeira vítima no seu negócio é a
serendipidade.
Se você é devoto de
São Pareto e por isso acredita que as leis de poder, ao invés
das distribuições normais, governam muitas das coisas ao nosso redor, você
rapidamente verá como o desejo de reduzir desvios, de ter operações ultra
enxutas e de garantir que todo o tempo seja contabilizado e “bem utilizado”, é,
na verdade, uma péssima aplicação do tempo.
Você terá trocado assimetrias desconhecidas por
efeitos lineares em um mundo onde um dos lamentos mais comuns de executivos
sêniores é de que, em geral, os funcionários assumem pouco risco. Você otimizou
tudo para ficar apenas no conhecido, fugindo da única coisa que permitirá que
histórias e acidentes felizes, que você diz querer, aconteçam.
Se você quer otimizar o seu negócio para inovar e
alavancar o potencial latente de cada indivíduo, temos que começar a repensar a
forma como trabalhamos o jogo para que essas conversas e insights aconteçam.
Temos que criar campo
para que as pessoas se misturem, seja em um café da manhã, um chá da tarde ou em
uma fika, tipo de café com pães comum aqui na Suécia.
Precisamos criar espaços na agenda e na mente das
pessoas para que elas estejam sempre presentes e abertas. Para que posam ouvir
e sentir as oportunidades quando elas derem sinal de vida. Cérebros estressados
não são curiosos. São intensamente orientados a soluções.
Papéis mais sêniores costumam ser melhores em criar espaços para si próprios, para sua rede de contatos e para conhecimentos diversificados. Sua posição de poder garante liberdade para seguir mais a intuição e tomar ações com mais rapidez. Eles têm mais recursos ao seu dispor e podem manejar melhor seus horários, delegar ou adiar entregas para investigar novos caminhos.
Inovação e pensamento fora da caixa simplesmente não nascem em uma caixa que não seja grande o suficiente, ou que seja pequena demais com espaço nem para as obrigações atuais.
O desafio dos líderes é oferecer, a todos, espaços de tempo não programado e criar um ambiente onde pessoas e ideias se misturem. Criar condições que favoreçam à serendipidade, além de preparar as mentes e espíritos para não só fazer o que é exigido hoje e também para se ligar no que vai reinventar o amanhã.
Para otimizar o seu negócio, o primeiro passo é desotimizar a agenda de todos. O principal indicador para a sua capacidade de cultivar novas ideias e para alimentar a mudança é simplesmente a quantidade de tempo não agendado no calendário coletivo.
Para fechar, vou da forma como meu amigo Steve resume tudo isso:
“Sobrecarga gera fadiga. Fadiga leva ao fracasso.”
Creio que podemos fazer um favor próprio ao manter
isso em mente. Em todos os níveis, começando com nós mesmos.
Viaje com pouca bagagem.
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