Quebrem todos os espelhos!

POR

Arthur Mazzucatto

Head Consumer Insights Reckitt Benckiser

A pesquisa de mercado que conhecemos deve morrer. Que desculpem-me a geração X, Baby Boomers e afins… Mas nós da geração Y estamos assumindo a liderança das áreas de Pesquisa e Planejamento. E, honestamente, eu não aguento mais fazer pesquisa com consumidores da maneira que esta tem sido feita nas últimas décadas.

Não tem nada mais antiquado que trancar em uma sala espelho um monte de mulheres (Classe ABC, entre 25 e 45 anos, responsáveis pela compra da categoria ) para pesquisar sobre seus hábitos de compra. Muito menos mandar um pesquisador bater de porta-em-porta, carregando uma prancheta e caneta para perguntar à população sobre sua opinião em relação a um produto… Hoje em dia existem milhares de maneiras de se conectar com estes consumidores, sem ter que colocá-los em uma situação incomoda, interagindo com outras pessoas desconhecidas e ainda esperar que elas falem sobre hábitos que talvez nunca tenham parado para pensar sobre. 

Vamos fazer um pacto? Não iremos mais chamar estas mulheres e homens de consumidores. Estes “consumidores” são pessoas como eu e você que compram produtos e serviços, porém têm coisas muito mais importantes na vida para se preocupar do que os motivos pelos quais escolheram a marca A ou B quando estavam no supermercado.

E vamos combinar que nós não iremos mais chamar de Pesquisa de Mercado? Pesquisar me parece uma ação solitária, onde existe um lado que observa o outro. Como se fossemos colonizadores observando uma tribo selvagem. Só iremos realmente entender as pessoas que compram nossas marcas quando estivermos dispostos a ter um diálogo ativo com elas. E isso não acontecerá enquanto estivermos escondidos atrás de grossos espelhos em salas de pesquisa.

Para que perguntar sobre hábitos se eu tenho Big Data? Para que perguntar o que se sente se podemos medir suas atividades cerebrais ou gravar suas reações enquanto a pessoa assiste um comercial ou prova um novo produto? Para que pesquisar, se podemos abrir um canal de conversa quase que instantâneo com pessoas que consomem minhas marcas e produtos?

Nós da nova geração de Planejadores, Consumer Insights e Trend Hunters temos que quebrar paradigmas e aproveitar as novas tecnologias e ferramentas para revolucionar a maneira como fazemos marketing. E já aviso: não será fácil quebrar os processos engessados encontrados  nas empresas, agências e institutos de pesquisa. Mas é exatamente na dificuldade da tarefa que está toda a graça... ou você vai continuar se olhando no espelho?