[inspiração hacker] > post 15

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Unplanned

No post de hoje, teremos a participação de Guilherme Guedes, Chance Glasco e Lina Lopes no [inspiração hacker]. É o 15º da série, fruto da parceria do Unplanned com um dos eventos mais inovadores do país, o Hack Town (www.hacktown.com.br).

Para conferir os posts anteriores, é só clicar nos links abaixo:

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Post 01 > Manuela Colombo / Luciano Freitas / Fabrício Teixeira
Post 02 > Janaína Borges / Marc Shillum / Ernesto Abud
Post 03 > Dilson Laguna / Lourenço Bustani / Cindy Gallop
Post 04 > Silvia Curiati / Paula Dias / Facundo Guerra
Post 05 > Antonio Marcos Alberti / Julio Mossil / Daniela Brayner
Post 06 > Matthias Hollwich / Alex Bretas / Fabiana Soares
Post 07 > Scott Shigeoka / Hilaine Yaccoub / Pedro Gravena
Post 08 > Gabriela Agustini / Michael Conrad / Luiz Filipe Carvalho
Post 09 > Frederic Fontaine / Kaio Freitas / Daniela Klaiman
Post 10 > Simone Cota Silva / Paulo Tadeu Arantes / Franklin Costa
Post 11 > Dr. Bob Deutsch
Post 12 > Diogo Rodriguez / Mayra Fonseca / Mark Masters
Post 13 > Igor Oliveira / Gareth Kay / Thaysa Azevedo
Post 14 > Armando Aguinaga / Rebeca Prado / Paulo Emediato

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1 - Guilherme Guedes

PROJETO

Sem dúvida, foi o desenvolvimento do site Tenho Mais Discos Que Amigos! (tenhomaisdiscosqueamigos.com), atualmente um dos maiores portais dedicados a música e entretenimento no Brasil. O site foi criado como um blog simples pelo Tony Aiex, um cara que admiro muito e considero um grande amigo. Assim que o blog começou a crescer e o Tony chamou novas pessoas para a equipe, eu entrei. Se não me engano, foi no fim de 2009. Vi um tweet com um anúncio, me candidatei e rolou. Na época, eu morava em Brasília, onde nasci, e me dividia entre ser músico profissional ou ser jornalista. Até que tive um insight: encontrar uma maneira de unir as duas coisas. Inspirado pela minha experiência no site, larguei tudo o que tinha e fui morar em São Paulo para perseguir o sonho de me tornar jornalista de música. Consegui. Ainda faço parte do Tenho Mais Discos Que Amigos!, e tenho muito orgulho de ver como o site cresceu. Atualmente, edito um blog pessoal dentro do site, o Faixa Título. Somando todas as minhas frentes de trabalho, consigo abordar diversos universos musicais, do pop de massa à música experimental. Nesse sentido, sou plenamente realizado. Mas é só o começo. A ideia é que o Faixa Título seja uma plataforma de conteúdo multimídia integrada ao TMDQA!, e os projetos nesse sentido vão começar a aparecer nos próximos meses.

 

APRENDIZADO

É importante se desafiar diariamente, descobrir e ultrapassar nossos limites sempre que possível - cuidando da gente e dos que estão ao nosso redor, claro. Não acredito nessa conversa de meritocracia, pois a gente vive num mundo desigual e complexo demais para simplificar as coisas dessa maneira. Mas acredito que, com foco, dedicação, perseverança e muita paciência, podemos chegar onde quisermos.

QUEM É?

Além do Faixa Título e do Tenho Mais Discos Que Amigos!, comecei como repórter na rádio Band News FM, ainda em Brasília, e cheguei a atuar como repórter de política. Em 2011, fui para São Paulo, onde trabalhei como produtor e repórter de música no portal Vírgula. Em 2013, virei apresentador de diversos programas de música no Multishow e no Canal Bis, e atualmente também elaboro pesquisas de conteúdo jornalístico para as transmissões de shows ao vivo e roteiros de alguns programas musicais dos dois canais. No meio do caminho, também escrevi para a revista Rolling Stone e para a editoria de música do UOL.

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Chance Glasco

 

PROJETO

Minha nova empresa, Doghead Simulations (www.dogheadsimulations.com) está atualmente trabalhando em um software de realidade virtual que permite às empresas a fazer teleconferências e colaborar em realidade virtual. Ao invés de fazer uma teleconferência tradicional por telefone, você será capaz de encontrar outros colegas dentro do VR, como se ambos estivessem realmente no mesmo local. Alguém no Rio de Janeiro seria capaz de encontrar com um parceiro de negócios em Miami sem ter que viajar até lá. Um arquiteto em Londres poderia caminhar por uma casa e discutir planos com um cliente em Los Angeles. Considerando que o mundo dos negócios gasta mais de 1 trilhão de dólares com custos de viagens, isso acabaria ajudando as empresas a economizar muito dinheiro.

APRENDIZADO

Usar um método ágil de desenvolvimento é muito importante para superar obstáculos inesperados e problemas. 

QUEM É?

Estudei na Full Sail University em Orlando, Florida. Depois de me formar, fiz um estágio e depois consegui um trabalho na 2015, Inc, trabalhando no Medal of Honor: Allied Assault. Depois deste projeto, 22 de nós saímos e formamos a Infinity Ward, onde criamos a franquia do Call of Duty. Depois de 6 títulos do Call of Duty, co-fundei esta nova empresa de realidade virtual chamada Doghead Simulations.

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3 - Lina Lopes

 

PROJETO

No momento estou envolvida em pelo menos 3 projetos que possuem a ideia de hacking. Acabei de finalizar o trabalho Balanços InterAfetivos junto com a Giovanna Casimiro no Red Bull Basement. Foi a pesquisa de um mobiliário urbano interativo para aproximar as pessoas com a cidade. Basicamente, as pessoas sentam no balanço e ao se tocarem, a iluminação em led embutida no balanço acende. O desafio foi fazer o circuito mais simples e barato possível e que pudesse ser replicado por qualquer um. É um projeto aberto e a ideia é que os cidadãos possam espalhar Balanços InterAfetivos em suas casas, ruas, comunidades e cidades. Fizemos um teste do protótipo no Vale do Anhangabaú graças a parceria com o pessoal do Rapel SP. Acho que com o balanços, conseguimos entender como hackear a cidade com afeto, aqui o vídeo da intervenção no Anhangabaú: https://www.youtube.com/watch?v=Az0u0bUzp3E

Agora, estou finalizando um projeto que chama Touch Skin junto com a Rita Wu e apoio do Media Lab/UFG. É uma pesquisa de materiais condutivos flexíveis. No mercado existem alguns materiais assim como tinta, tecido e linha, mas todos são importados, o que torna nossas pesquisas em computação vestível um pouco limitada. O objetivo do projeto é terminar com um site de receitas de tintas condutivas que podem ser feitas em casa com materiais comprados em lojas de material de construção, material químico ou mesmo no supermercado. E além disso, a ideia é agregar circuitos feitos com estes materiais à pele humana. O desafio deste projeto é conectar os conhecimentos em eletrônica para dentro de um laboratório de química e bioquímica, pesquisa de materiais e biodefilmes, materiais orgânicos que possam ser usados na pele como suporte para sensores. Acho que este projeto trás o aprendizado de como tecnologia é um conhecimento aplicado e não um objeto técnico pronto disponível e à venda. No fim, é possível fabricar uma tinta em casa que tem a mesma resistividade que uma comercial por um terço do valor. Eu com certeza quero fazer mais bio-quimio-hacking daqui para a frente.

O último projeto do ano faço em parceria com a Cinthia Mendonça, chama Interactivos?16 e vai acontecer na Nuvem, uma estação rural de arte e tecnologia. O tema do Interactivos? este ano é Água e Autonomia. Foram selecionados 5 projetos e 15 colaboradores para realizarem seus experimentos e protótipos durante duas semanas no meio da mata atlântica e eu sou a Diretora Técnica responsável. Do nosso ponto de vista, um tema como a água é importante em qualquer localidade, e a oportunidade de abordar de modo experimental é um luxo. Digo que é um luxo porque quase todos tem uma ideia ao meu ver bem equivocada sobre inovação como a busca para a solução de um problema. E não é bem assim, às vezes a inovação surge de lugares inesperados, depois de muita experimentação e divergência. Galileu Galilei teve a ideia do relógio de pêndulo ao olhar como um candelabro pendente se movia no teto por conta do vento. Samuel Morse que inventou o código Morse era um pintor apaixonado pela eletricidade. Juntar ideias e pessoas de diferentes interesses já está sendo desafiador na pré-produção, quem dirá durante as duas semanas de evento. Para quem quiser saber um pouco mais da proposta e dos projetos selecionados, aqui vai o link do site: http://interactivos16.info/

 

APRENDIZADO

Muitas coisas ficam de aprendizado de cada projeto. Comecei a pensar muito sobre a colaboração entre pares e mesmo entre díspares. Conversando com um amigo da residência hacker do Red Bull, falei de um livro que chama "A Informação" e como esta foi uma grande revolução. Pensamos que revolução foi a industrial ou outras focadas no meio de produção que mudaram nossa forma de viver em sociedade. Mas esquecemos como a informação e a transmissão de informação criaram o próprio conceito do que entendemos por história. Se eu tenho umas moedas e você tem uma garrafa de água, eu te dou minhas moedas e fico com a sua garrafa de água. Mas se eu tenho uma informação e você tem outro e eu te dou a minha e você me dar a sua, eu saio desta relação com a minha informação e a sua e vice-e-versa. Esta Economia da Informação é a base dos processos colaborativos e abertos. Junte a isso oportunidades e espaços de experimentação e você tem todas as ferramentas necessárias para hackear a realidade.

QUEM É?

Comecei no teatro e na dança, apaixonada por todas as formas de linguagem artística. Meus pais, físicos e engenheiros, ficaram um pouco frustrados no início que a filha campeã de olimpíadas de matemática decidiu ser atriz, mas logo perceberam que eu não me satisfaria seguindo uma área só. Com as artes do corpo aprendi a trabalhar em grupo e que limitação de recursos pode ser uma inspiração para a criação. A curiosidade levou ao tema do corpo, espaço e tecnologia. Quando vi estava envolvida com videomapping, arduíno e todas as ferramentas possíveis para fazer um design de experiência. Não há diferença entre dirigir atores ou montar uma impressora 3D, tudo tem a ver com paixão e experimentação. Acredito que o único fator limitante no trabalho ou na vida é mental.