[inspiração hacker] > post 14

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Unplanned

No post de hoje, teremos a participação de Armando Aguinaga, Rebeca Prado e Paulo Emediato no [inspiração hacker]. É o 14º da série, fruto da parceria do Unplanned com um dos eventos mais inovadores do país, o Hack Town (www.hacktown.com.br).

Para conferir os posts anteriores, é só clicar nos links abaixo:

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Post 01 > Manuela Colombo / Luciano Freitas / Fabrício Teixeira
Post 02 > Janaína Borges / Marc Shillum / Ernesto Abud
Post 03 > Dilson Laguna / Lourenço Bustani / Cindy Gallop
Post 04 > Silvia Curiati / Paula Dias / Facundo Guerra
Post 05 > Antonio Marcos Alberti / Julio Mossil / Daniela Brayner
Post 06 > Matthias Hollwich / Alex Bretas / Fabiana Soares
Post 07 > Scott Shigeoka / Hilaine Yaccoub / Pedro Gravena
Post 08 > Gabriela Agustini / Michael Conrad / Luiz Filipe Carvalho
Post 09 > Frederic Fontaine / Kaio Freitas / Daniela Klaiman
Post 10 > Simone Cota Silva / Paulo Tadeu Arantes / Franklin Costa
Post 11 > Dr. Bob Deutsch
Post 12 > Diogo Rodriguez / Mayra Fonseca / Mark Masters
Post 13 > Igor Oliveira / Gareth Kay / Thaysa Azevedo

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1 - Armando Aguinaga

PROJETO

Eu acho bem complicado determinar o grau de transformação de alguma coisa, ainda mais de um projeto. Existem vários tipos e níveis de transformação que podemos considerar, né?! Pode ser alguma coisa que transformou um processo, uma empresa (ou uma parte dela), um produto (ou serviço), sua relação com o usuário ou a forma de consumo...enfim, não é mole. Então, vou escolher um projeto bem atual que transformou completamente a minha vida e que tem um potencial para atingir cada um desses níveis que eu listei acima (se eu tiver sucesso): o Trip Hacker (triphacker.com.br). Ele mostra que existe um modelo de consumo em um segmento importante da economia (o Turismo) que está se esgotando, e naturalmente irá se transformar completamente.

O Trip Hacker tem 2 objetivos básicos: (i) eliminar as barreiras entre os viajantes e aquela viagem dos sonhos. Capacitando e informando as pessoas sobre formas inovadoras e acessíveis de sair pelo mundo de forma econômica e inteligente. (ii) mostrar quão importante viajar é na vida de alguém. Como isso interfere diretamente na sua forma de encarar o mundo, viver em sociedade, com empatia e uma visão mais abrangente de questões sociais, econômicas, políticas e ambientais.

 

APRENDIZADO

Durante os últimos 10 anos eu trabalhei numa empresa de turismo. O que começou como uma startup de 4 pessoas se tornou uma das empresas mais inovadoras do setor no Brasil. Em 2015 nós já contávamos com mais de 70 colaboradores espalhados por 5 cidades e um faturamento anual acima de 50 milhões de reais. Eu tinha sucesso, ganhava muito mais do que eu precisava pra viver mas alguma coisa estava errada. Eu percebi que durante essa trajetória eu tinha perdido de vista uma coisa que é fundamental na minha vida: um propósito. Esse foi o paradigma que me fez largar tudo. O meu objetivo sempre foi ajudar as pessoas a fazer viagens bacanas pagando o melhor preço possível. Não era esse o resultado que eu estava conseguindo. Isso é uma questão meio filosófica. Eu quero que o Trip Hacker seja essa coisa democrática, que dá poder às pessoas, derruba hierarquias, não segrega por geografia ou poder aquisitivo Muitos amigos me chamaram de louco por largar a segurança de um bom emprego no meio da crise. Será? Você conhece a fábula do sapo na panela com água quente? Tem tudo a ver! Você precisa olhar dentro de você e entender quem você realmente é e que significado você quer dar pra essa labuta louca de todo dia. Aliás, existe uma distância enorme entre o que você é e o que você deseja ser. Quando você perceber isso e se tornar 100% sincero com si próprio a transformação já estará em curso.

QUEM É?

Eu sou jornalista, digital creator, growth hacker e trabalho desde 1999 com concept e content em marketing digital. Trabalhei por alguns anos como Gerente de Comunicações da Osklen e depois me tornei consultor desenvolvendo projetos para diversas marcas de diferentes setores. Estou envolvido com o ecossistema de empreendedorismo brasileiro desde bem antes disso ser hype. Atualmente chefio o Hackerspace3, divisão de inovação da Agência3 e colaboro com artigos em diversos veículos digitais como a VICE e o Projeto Draft. Além do Trip Hacker, claro.

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Rebeca Prado

 

PROJETO

Nossa, acho que foram os dois projetos que financiei pelo Catarse. Aderi ao financiamento coletivo para publicar meus dois livros. As campanhas já se encerraram, mas aqui tem os links: https://www.catarse.me/baleia3 e https://www.catarse.me/pt/naviodragao. Eu fiz todo o processo, desde a divulgação da Campanha até a distribuição do material pronto depois. Tive que organizar todas as etapas e aprender mecanismos que nunca pensei que aprenderia na vida. Foi um desafio e tanto, mas valeu a pena.

APRENDIZADO

Olha, eu aprendi que é importante ter coragem pra criar suas próprias metas e projetos, importante correr atrás, não desistir e, principalmente, aceitar a ajuda das pessoas que querem seu bem. Muitas vezes achamos que não vamos dar conta de um projeto por puro medo de tentar e de expor uma nova ideia, mas tentar sempre vale a pena. Aprendi também a me virar melhor dentro do meio, fazer contatos e conhecer todas as etapas da produção dos meus livros.

 

QUEM É?

Eu sou formada em Artes Visuais pela UFMG e, atualmente, trabalho como ilustradora, quadrinista e professora de Artes Visuais. Já publiquei alguns volumes independentes, como os livros Navio Dragão e Baleia #3. 

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3 - Paulo Emediato

 

PROJETO

No meio de 2015, reconhecendo que o cenário criativo de BH vive um ótimo momento, mobilizamos mais de 30 “hackers” de diferentes iniciativas para cocriar o Mesha LAB (www.mesha.se) - um programa laboratório (100 horas) para ressignificar as formas de pensar, fazer, ensinar e aprender.

Muitas dessas pessoas, responsáveis por projetos, eventos, cursos, escolas e empresas, repletos de experiências, histórias e aprendizados para compartilhar, o faziam na maior parte das vezes de forma isolada ou individual. Boa parte já se conhecia, se esbarrava pelos eventos na cidade, mas raros eram os movimentos integradores entre eles.

O Mesha surgiu como experimento para conectar e desenvolver uma nova proposta de aprendizado, complementar à lacuna deixada pela educação formal, para abordar metodologias, comportamentos e práticas desses “inovadores” mais inseridos no contexto contemporâneo.

Pensando nisso, a 1a temporada do Mesha LAB foi cocriada em 1 mês e, em menos de 20 dias, sem nenhum investimento financeiro mas um forte efeito mobilizador dessa rede, mais de 100 pessoas se inscreveram para viver essa experiência, que se propôs a ser diferente desde sua precificação, aos locais utilizados, passando por conteúdo e produção dos encontros. De lá pra cá, um grupo horizontal de trabalho se formou na rotina do projeto e dobramos de tamanho (60 participantes em 2 turmas) na 2a temporada do Mesha LAB. Além disso, o LAB acabou se desdobrando em outros formatos: realizamos 6 edições com casa cheia do Mesha TALKS – evento / happy hour com Talks curtos e outras interações; participamos (como indivíduos do grupo de trabalho) na realização da 1a Virada Política de BH e recebemos algumas demandas de projetos B2B.

 

APRENDIZADO

1 - É possível construir projetos inovadores, alcançar resultados muito interessantes e fazer a diferença na vida das pessoas, sem grana, a partir da articulação de gente talentosa que, muitas vezes, já faz parte da nossa rede. Sem clichê, essa história só é possível porque as pessoas toparam doar genuinamente um pouco (ou tanto) delas na formação desse DNA.

2- Por outro lado, projetos colaborativos são extremamente difíceis e desgastantes. Governança é uma questão infinitamente mais complexa e sensível do que parece e as expectativas de um grupo tão diverso (dentro e fora) podem ter um efeito avassalador.

3- Nada vale mais do que ter a oportunidade de desenhar experiências que favorecem e estimulam uma mudança de mindset nas pessoas. No entanto, é importante entender que o sentido dessa jornada cabe a cada participante. Algumas frustrações fazem parte do processo, de todas as partes. Catalisar esses aprendizados sem cair numa fórmula segura é um exercício diário.

4- Sempre vai existir pressão para que uma ideia que deu certo seja validada sob a lógica dos negócios tradicionais, ou seja, medida por escala ou receita. Muitas vezes, essa resposta não está clara e nem sempre esse será o caminho a ser seguido.

5- Projetos como esse não funcionam com um fim neles mesmos. É impossível prever ou medir os impactos diretos e indiretos desse tipo de movimento nas pessoas, nos negócios ou no ecossistema local. É impossível ter controle quando estamos experimentando algo diferente, independente do quanto tentarmos.

QUEM É?

Sou jornalista de formação, fui DJ por 10 anos até entrar no mundo corporativo por programas de trainee. Vivi alguns anos no marketing, mas sempre atuei em negócios de forma mais transversal. Passei por gestão de pessoas, cultura organizacional, até uma experiência disruptiva na administração pública, onde me conectei com inovação e Design Thinking. Hoje sou cofundador do MESHA, lidero a comunicação da FUNDEP, sou membro do DesignThinkers Group Brasil, me envolvo em diferentes projetos como facilitador e colaborador. Mestrando em Gestão da Inovação na UFMG, passei uma temporada estudando na Stanford School of Business e fiz especialização na Fundação Dom Cabral.

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