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Unplanned

No episódio de hoje da série [inspiração hacker] não teremos 3 pessoas participando - será uma exceção. Em vez disso, teremos um texto feito pelo Dr. Bob Deutsch, da Brain-Sells, exclusivamente para esta parceria Unplanned + Hack Town (www.hacktown.com.br). Para quem não conhece, o Dr. Bob é um antropólogo cognitivo brilhante, que por décadas vem ajudando marcas e empresas globais a se reinventarem. Ele já participou de projetos incríveis, que vão desde viver com chimpanzé na Tanzânia para um estudo, projetos na Apple ao lado de Steve Jobs, até consultorias a diversos Secretários de Estado do governo norte-americano de japonês. E no texto abaixo, fala de alguns projetos mais recentes e seus aprendizados. Está sensacional! Vale a leitura.

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Para conferir os posts anteriores, é só clicar nos links abaixo:

Post 01 > Manuela Colombo / Luciano Freitas / Fabrício Teixeira
Post 02 > Janaína Borges / Marc Shillum / Ernesto Abud
Post 03 > Dilson Laguna / Lourenço Bustani / Cindy Gallop
Post 04 > Silvia Curiati / Paula Dias / Facundo Guerra
Post 05 > Antonio Marcos Alberti / Julio Mossil / Daniela Brayner
Post 06 > Matthias Hollwich / Alex Bretas / Fabiana Soares
Post 07 > Scott Shigeoka / Hilaine Yaccoub / Pedro Gravena
Post 08 > Gabriela Agustini / Michael Conrad / Luiz Filipe Carvalho
Post 09 > Frederic Fontaine / Kaio Freitas / Daniela Klaiman
Post 10 > Simone Cota Silva / Paulo Tadeu Arantes / Franklin Costa

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Vamos lá...

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Dr. Bob Deutsch

Sou antropólogo cognitivo e um antropólogo cultural que já trabalhou nos habitats primitivos da Nova Guiné e Amazônia, nas salas de estratégia da Pennsylvania Avenue e nas salas de guerra da Madison Avenue. Faço consultoria, escrevo e palestro sobre vários assuntos, mas todos sobre o ponto de vista do que alguém vê quando exerce um olhar primitivo sobre a nossa modernidade.

Quero descrever aqui alguns projetos transformadores, mas que levam a uma única conclusão: a vida acontece com base no que é SENTIDO e não no que é SABIDO (factualmente). Emoção e narrativa são o “recheio” que leva as pessoas a se conectar profundamente a algo – seja a um produto, a uma ideia ou a uma personalidade.

Projeto 1: Entrevistar artistas como Wynton Marsalis e Paul Simon para um livro que estava escrevendo sobre a importância de estar “ABERTO” como pessoa. O que logo percebi depois de conversar com tantos artistas foi que, mais do que suas habilidades específicas (ex: músico, romancista, diretor de cinema, ator, arquiteto, coreógrafo), esses indivíduos vivem uma vida altamente sensual que também os permite conectar com os sentimentos dos outros. Eles eram, primeiro, humanistas e isso os ajudou a expressar suas habilidades artísticas.

Projeto 2: Entrevistar e observar centenas de proprietários de pequenos negócios em um projeto que fiz para a American Express. Empresários de negócios pequeno porte me ensinaram muita coisa, e entre elas (1) Acima de tudo, cada um deles estava tentando moldar um negócio que refletisse quem cada um era como pessoa. O objetivo de cada um: Fazer = Ser. Qualquer outra coisa era inaceitável a eles, e algo chato. (2) Existe sempre uma diferença entre a história aparente e a história real (profunda) de uma pessoa, e essa diferença deve ser descoberta e apreciada pelos profissionais de marketing para realmente entender uma pessoa ou uma população. Categorizações grosseiras, estereótipos, clichés e impressões unânimes sobre a história de uma pessoa irão te desviar do entendimento real. Além disso, o entendimento real é o único fundamento a partir do qual um negócio que quer alcançar um público real pode construir uma estratégia e uma ideia de produto válida e convincente.

Projeto 3: Em um Trabalho que conduzi para o HSBC, entrevistei pessoas que disseram precisar ter seguro de vida, mas não tinham. A lição crucial a ser aprendida com este projeto foi: (1) O que é dito vale mais do que aquilo que é conversado – ouvir o que alguém diz é um ato de comunicação social. Uma maneira adicional valiosa de ouvir às pessoas é considerar suas palavras como “conversar com si próprio”, elas tentando responsabilizar e justificar a si próprias o seu próprio comportamento. (2) Pessoas muitas vezes agem contra seus próprios interesses afirmados. E isso, também, deve ser entendido pelo mundo dos negócios.

Projeto 4: Em um Trabalho para Dunkin’ Donuts, entrevistei alguns consumidores fiéis do Starbucks e também alguns do Dunkin’ Donuts, para entender as diferenças não apenas percebidas no café, mas também para entender as diferenças percebidas nas próprias pessoas. O projeto demonstrou, quando as pessoas percebem diferenças em relação aos outros, como elas rapidamente se separam dos outros ao criar um código linguístico único, maneiras diferentes de mostrar participação na sua “tribo”, e como cada tribo facilmente transforma a outra tribo em “eles” ou “aquilo” para intensificar a diferença - e desaprovação - com aqueles que pertencem à outra tribo. Tudo isso, simplesmente por gostar de cafés diferentes.

Projeto 5: Estou começando a escrever um novo livro sobre “Liderança Artística”. Uma coisa que quero abordar aqui neste texto curto no Unplanned é que a escrita deste livro é muito importante para mim, por representar algo intrínseco ao meu jeito de ser: relacionar com pessoas como pessoas REAIS , e não apenas à figura unidimensional de “consumidores”, as reconhecendo e respeitando sua real experiência na vida diária, de forma que os negócios possam de forma artística oferecer aspectos verdadeiros das pessoas e ajuda-las a considerar opções que ela podem não ter considerado antes. Quando você está trabalhando em algo que toca profundamente seu próprio ser e autenticidade, como é meu caso escrevendo o livro, não apenas divertido e energizante, mas também no que dá para definir como – e isso é fantástico – sua mente trabalhando, como se você estivesse em tempo livre, naquilo que você está fazendo ou até mesmo não está fazendo. Ideias importantes vem até sua consciência quando você não está trabalhando conscientemente na sua tarefa. A lição: deixe sua mente livre!