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Unplanned

Continuando a série [inspiração hacker], parceria Unplanned e Hack Town (www.hacktown.com.br), contaremos neste décimo post com a participação de Simone Cota Silva, Paulo Tadeu Arantes e Franklin Costa.

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Para conferir os posts anteriores, é só clicar nos links abaixo:

Post 01 > Manuela Colombo / Luciano Freitas / Fabrício Teixeira
Post 02 > Janaína Borges / Marc Shillum / Ernesto Abud
Post 03 > Dilson Laguna / Lourenço Bustani / Cindy Gallop
Post 04 > Silvia Curiati / Paula Dias / Facundo Guerra
Post 05 > Antonio Marcos Alberti / Julio Mossil / Daniela Brayner
Post 06 > Matthias Hollwich / Alex Bretas / Fabiana Soares
Post 07 > Scott Shigeoka / Hilaine Yaccoub / Pedro Gravena
Post 08 > Gabriela Agustini / Michael Conrad / Luiz Filipe Carvalho
Post 09 > Frederic Fontaine / Kaio Freitas / Daniela Klaiman

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Vamos lá...

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1 - Simone Cota Silva

PROJETO

A Passei.o Verde - Jardins comestíveis urbanos (www.facebook.com/apasseioverde). Essa história começou em junho, numa imersão de 3 semanas em um programa de pré-aceleração de negócios sociais de impacto. Nosso desafio inicial era transformar um sonho em um negócio lucrativo e conectado com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). O resultado final foi um negócio pronto para prototipar, clientes, parcerias, mídia espontânea, uma rodada de investimentos pré-agendada e um convite para fazer parte da rede SDSN da ONU, em Minas Gerais.

Até pouco tempo eu vivia satisfeita atrás de uma mesa de escritório e em reuniões estratégicas de empresas e governo. E foi dedicando ao meu quintal de 8 m2 em um bairro central de BH que eu me tornei uma gestora apaixonada pelo que faz. Tudo isso num momento onde eu não sabia o que fazer da vida. Foi emocionante quando caiu a ficha que eu sabia transformar meu espaço ocioso e meu tempo livre em alimentos saudáveis. A pergunta que eu mais ouvia era: Desde quando você sabe fazer isso? E a resposta me parecia obvia: Desde quando comecei a fazer! Hoje sou a CEO da Passei.o Verde e junto outros 3 sócios e parceiros transformamos espaços ociosos urbanos de residências, empresas e vizinhanças em áreas de cultivo do próprio alimento e também geramos muito aprendizado sobre modos de vida mais sustentáveis.

APRENDIZADO

Mesmo quando tudo parecer «perdido», sem solução, persista buscando novos conhecimentos, lugares, espaços de troca com o outro e com você mesmo e sobretudo, procure novas experiências. Particularmente, o que sempre moveu na vida foi a busca incessante por coisas diferentes. Desde pequena tenho um espirito curioso e fui muito estimulada pela minha família. Porém, acredito que isso também se aprende. Um MOOC que fiz no ano passado, cujo título é Learning How to Learn me abriu ainda mais a mente para essa questão. Precisamos aprender a dar tempo ao tempo, deixar a vida fluir sem aquela ansiedade bem própria dos dias atuais, até quando se trata de aprender.

Estar aberto ao novo é também sinônimo de desacelerar no tempo certo e também assumir nossas incompletudes enquanto profissionais, amigos, cidadãos. Nossas fragilidades, medos e incompetências também devem ser colocados na mesa. Muitas vezes é essa parte não muito sedutora do nosso ser que nos proporciona oportunidades únicas de aprendizado, parcerias interessantes e também novas formar de ver o mundo e de estar nele.

QUEM É?

Comecei como consultora de negócios junto a equipes de TI em empresas privadas como Itaú BBA, TIM, CEMIG. Continuei meus estudos em Paris durante 4 anos e voltei para assumir grandes responsabilidades no governo estadual de MG, entre elas a coordenação de um projeto de inovação social, com apoio do MIT Medialab Center for Civic Media. Todas as experiências em diferentes organizações e países me motivaram a continuar inovando e hoje sou a CEO de uma startup que facilita a pratica da agricultura urbana sustentável e saudável.

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Paulo Tadeu Arantes

 

PROJETO

Quatro anos após a provocação que fiz a um governante em início de mandato, ávido por ideias e sugestões inovadoras que pudessem elevar sua cidade a um estágio superior de satisfação e felicidade para seus moradores, não tenho dúvida: o Cidade Criativa, Cidade Feliz – Santa Rita do Sapucaí (cidadecriativacidadefeliz.com.br) - ou simplesmente CCCF - é o projeto mais transformador dentre todos os demais que já me envolvi. Romper com uma visão conservadora de lidar com as questões urbanas foi a centelha que permitiu atiçar o fogo da criatividade e da inovação para reinventar uma cidade e, com isso, trazer mais vida para suas ruas e praças, descobrir novos talentos, diversificar a economia local e por aí vai.

O que hoje já se faz perceptível é a comprovação de um dos pressupostos deste trabalho, qual seja, quando as pessoas se sentem mais pertencidas ao lugar em que vivem elas se transformam e, transformadas, elas mudam uma cidade. Embora antevisse que não seriam poucos os percalços e as dificuldades por estar lidando com o novo, com o diferente, qual não é a minha surpresa ao constatar que chegamos muito mais longe do que a minha mais otimista previsão imaginaria chegar.

O surpreendente desta iniciativa, além do seu formato inovador, é o fato de ter acontecido em uma pequena cidade interiorana, sem fortes apelos turísticos e, nem por isso, deixou de despertar o interesse de um público inimaginável, seja em número, seja na diversidade dos inscritos. Nenhuma destas inquestionáveis conquistas, entretanto, seriam possíveis não fosse: (1) a percepção e a cumplicidade de um vice prefeito que, desde o primeiro momento, acreditou e vem apoiando incondicionalmente esta nova e revolucionária maneira de conduzir o processo de reinvenção desta cidade e; (2) a efetiva participação de pessoas, capazes de hackear a realidade local com suas ideias criativas, inovadoras e atrevidas.

 

APRENDIZADO

Há quem diga que em tempos tão agitados como os que hoje vivemos tudo está em processo de transformação: do nosso modo de pensar, de produzir, de consumir, de negociar, de administrar, de comunicar, de viver, de morrer, de fazer guerra e, até mesmo, de fazer amor. Faltou, todavia, dizer que é na cidade onde tudo isso ocorre, elevando, assim, sua importância, de um simples ponto no espaço para um drama no tempo. Esta é, pois, a moldura de dois dos mais significativos aprendizados que esta fantástica experiência tem me proporcionado.

O primeiro: reinventar a cidade hoje em dia é condição sine qua non para sua própria sobrevivência. No entanto, considerando a complexidade do mundo atual, para se ter êxito em empreitadas nesta direção é preciso ser ágil e, ao mesmo tempo, criativo na proposição de ações impactantes para transformar a realidade local.

O segundo: ter como fio condutor de qualquer iniciativa que vise elevar o patamar de satisfação com o lugar que vivemos, ações que não resultem, necessariamente, em placas ou discursos de inauguração, mas, sim, no resgate do sentimento de pertencimento das pessoas com relação a cidade onde moram. O CCCF nada mais é do que uma experiência inovadora e, porque não, “hacker” de se fazer a transposição da teoria para a prática e, ao mesmo tempo, de encarar o desafio que é reverter a baixa estima daqueles que se sentem à margem da cena urbana.

Organizar um movimento que fosse capaz de reunir pessoas potencialmente aglutinadoras, que acreditam no poder das conexões e, por este motivo, agem de forma coletiva e criativa, tendo a colaboração como meio e a felicidade como fim foi a forma encontrada para fazer esta reversão. Uma história, por sinal, que conto com mais detalhes na minha participação no TEDxBlumenauSalon, cujo tema foi: “cidade, encontro dos diferentes”, e pode ser conferida neste link: https://youtu.be/NbjHjhRVfeg

QUEM É?

Sou arquiteto e urbanista de ofício e professor por opção. Construí a essência da minha trajetória profissional como professor universitário, mestre e doutor pela FAU/USP e especialista pela Universidade de Dortmund, Alemanha sem, contudo, nunca me distanciar do oficio da arquitetura e do urbanismo exercido, quando possível, além dos limites acadêmicos. Trinta e seis anos depois de ter entrado pela primeira vez em uma sala de aula como professor e, ter acumulado cerca de dez mil horas de aulas nas quais já passou um contingente que beira hoje a casa dos oito mil alunos, somados a um número significativo de atividades fora dos livros, a maioria lidando com esta que é a maior invenção da humanidade - a cidade -, continuo tão motivado a mergulhar cada vez mais fundo nestas águas, como se tudo estivesse começando agora. Algo, por sinal, que o CCCF não me deixa mentir.

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3 - Franklin Costa

 

PROJETO

Depois de ser empregado em uma grande corporação (Globosat) e me aventurar como freela por um tempo, decidi empreender. Fundei com meu ex-sócio (Felipe Novaes) a primeira agência de social media marketing do Rio, a Movimento Comunicação, que atendeu grandes marcas (Coca-Cola, Oi, Bodytech, Nestlé etc) e a vendi para a Flag em 2013. Atuei como executivo nesta holding por dois anos e, depois do contrato encerrado, me uni a Carol Soares para abrir a Mana (www.somosmana.com.br), uma consultoria voltada para a indústria do entretenimento. Cada momento destes, estas viradas de carreira, exige uma grande reinvenção. A medida que o tempo passa, se transformar é sempre mais difícil, porque você fica estereotipado pelo que já fez ou por onde passou. Então, acredito que meu projeto mais transformador é sempre o último. Neste caso, a Mana e seus projetos.

 

APRENDIZADO

"Não existe vento favorável para quem não sabe onde vai" é um dos meus mantras para a vida. Se você deseja transformar / hackear sua vida, então precisa ter clareza sobre o que quer mudar e para onde direcionar sua carreira. Para isso, invisto continuamente em um tripé: saúde, autoconhecimento e espiritualidade.

QUEM É?

Comecei minha carreira como estagiário no RH da Globosat, onde fui contrato como assistente de marketing no canal Universal (na época USA) e como analista no Multishow. Foram 7 anos de Globosat, até que, com 29 anos, decidi que era tempo de me arriscar e me tornei um freelancer, trabalhando com a cena de música eletrônica, ajudando núcleos de festas a se profissionalizarem e transformarem suas "raves" em festivais hoje consolidados no Brasil como a XXXperience, Tribe, Creamfields e Chemical Music Festival. Foi nesta época que o gerente de marketing do energético Burn (Luciano Lucas, hoje o head de hospitality da Coca-Cola), me convidou para "planejar a comunicação desta marca da mesma forma como eu planejava para os festivais, já que as agências tradicionais não conseguiam pensar fora da lógica TV-rádio-jornal". Assim nasceu a Movimento. Nos primeiro ano, éramos quase que uma agência boutique de Burn. Estávamos desenvolvendo uma série de projetos de content marketing sem conhecer a expressão, até que recebemos o mesmo convite de Schweppes, Kuat, i9, Powerade, Oi. Fomos vários anos para o SXSW e nos especializamos em estratégias de conteúdo e social media para grandes empresas. Em 2013, o Felipe (meu sócio na Movimento), conheceu o Martini e ele nos fez uma proposta. Entramos para a Flag. Fiquei dois anos lá, me tornei head de novos negócios no Rio e de todas as empresas da holding, mas a vontade de empreender novamente era grande, assim como a saudade de trabalhar com a indústria do entretenimento. Abri a consultoria Mana, criei o Circus ("um curso sobre como levar diversão a sério", com a Perestroika), o Projeto Pulso (hub de pesquisa e conteúdos sobre o universo dos festivais) e cá estou hoje.

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