[inspiração hacker] > post 08

POR

Unplanned

Recentemente, começamos aqui no Unplanned uma série chamada [inspiração hacker]. A dinâmica é bem simples: a cada edição, 3 profissionais inovadores de áreas diferentes compartilham projetos “hacker” que estão liderando ou participando, além de seus aprendizados. A série é resultado de uma parceria entre Unplanned e Hack Town (www.hacktown.com.br).

Neste oitavo post, teremos a participação de Gabriela Agustini, Michael Conrad e Luiz Filipe Carvalho.

---

Caso ainda não viu os posts anteriores, vale conferir nos links abaixo:

Post 01 > Manuela Colombo / Luciano Freitas / Fabrício Teixeira
Post 02 > Janaína Borges / Marc Shillum / Ernesto Abud
Post 03 > Dilson Laguna / Lourenço Bustani / Cindy Gallop
Post 04 > Silvia Curiati / Paula Dias / Facundo Guerra
Post 05 > Antonio Marcos Alberti / Julio Mossil / Daniela Brayner
Post 06 > Matthias Hollwich / Alex Bretas / Fabiana Soares
Post 07 > Scott Shigeoka / Hilaine Yaccoub / Pedro Gravena

---

Vamos lá...

---

1 - Gabriela Agustini

PROJETO

O projeto mais transformador que já participei é a criação e gestão do Olabi Makerspace (olabi.co), uma empresa social dedicada à inovação, tecnologia e criatividade. Nossa meta é estimular que as pessoas olhem diferente para as tecnologias, entendendo que elas podem também ser construídas, recriadas, inventadas e reinventadas e não apenas consumidas. Um desafio enorme, dado que esse tipo de cultura ainda é incipiente pelo mundo e quando nos aventuramos há 3 anos em abrir o espaço no país ainda éramos uns dos poucos a falar em cultura maker, DIY e outros conceitos nessa linha. Estimular o empoderamento a partir dessas ferramentas, técnicas e formas de pensar é o que estamos fazendo no nosso dia a dia a partir de uma série de atividades, projetos e ações.

 

APRENDIZADO

Sempre desconfie do que chega fechado para você. Isso vale para o computador, o celular, as notícias do jornal, os discursos publicitários e até o conselho da sua mãe. No fundo, qualquer dessas coisas são apenas pontos de vistas, carregadas de símbolos, estratégias e visões. Algumas vezes elas te servem perfeitamente, outras não. E é justamente nesse momento que você pode usar isso apenas como uma base para desconstruir e criar em cima algo que te atenda melhor. Questionar é uma boa forma de entender suas próprias ideias e encontrar o seu caminho.

QUEM É?

Trabalho com o universo das inovações digitais há 13 anos, quando comecei minha carreira no jornalismo digital antes mesmo de me formar em comunicação social pela Universidade de São Paulo. Fui cada vez mais me aproximando dos times de desenvolvimento e entrando a fundo na tecnologia, em uma tentativa de entender essas novas linguagens. Em 2009, larguei o jornalismo e me juntei ao grupo que estava criando a Casa da Cultura Digital, em SP, uma das primeiras casas colaborativas e coworkings do país. Lá entrei em contato com a comunidade dos hackerspaces e tantas outras redes que se dedicam a experimentar o impacto das tecnologias na sociedade, enquanto trabalhava como gestora de projetos e community manager em uma série de projetos para setores público e privado. Em 2011, me mudei para o Rio pois estava como diretora executiva e curadora do Festival Internacional CulturaDigital.Br, um evento que reuniu 6mil pessoas de mais de 26 países no MAM Rio em atividades que passaram por economia colaborativa, blockchain, prototipagem rápida, biohacking, políticas públicas para o digital, entre outros assuntos importantes. Fiquei pelo Rio e logo me bateu a vontade de estar em um espaço coletivo de novo, mas dessa vez mais focado em tecnologias e trazendo uma pegada mais diversa. Em 2013, criamos o Olabi, já em diálogo com outros makerspaces, fablabs e hackerspaces pelo mundo. De lá para cá tem sido essa aventura.

---

Michael Conrad

 

PROJETO

Eu co-fundei a Berlin School of Creative Leadership (www.berlin-school.com). Transformador? Bem, é o primeiro EMBA feito para líderes criativos em indústrias criativas. Assim como a Bauhaus, nós temos um setup interdisciplinar que coloca os setores criativos como publicidade, mídia, jornalismo, entretenimento, design, arquitetura, tecnologia da comunicação e marketing na mesma sala de aula. Nossos participantes já vieram de 60 países e culturas. Nosso currículo é altamente focado nas necessidades e oportunidades dentro do mercado criativo. Nossa missão: transformar os melhores criativos nos melhores líderes criativos. Nossa missão: um CEO criativo em cada negócio criativo. A maioria dos nossos alunos de EMBA diz ‘mudou minha vida’. Cerca de 60% dos nossos novos participantes vieram por recomendação dos mais experientes da nossa escola.

 

APRENDIZADO

Compartilhei a ideia central com algumas pessoas influentes, perguntando o que eles pensavam sobre o a escola de EMBA para ajudar líderes criativos a serem bem-sucedidos com estratégias e propostas for a da norma, liderando suas organizações, empresas, empreendimentos, projetos a um lugar competitivo, liderando clientes, parceiros, entre outros. Aos que se demonstraram a favor da ideia, convidei para ajudarem a construir a escola, como voluntários. Foi o começo de uma rede. Portanto, o meu maior aprendizado foi: se você construir e crescer uma rede, você terá a base para um sucesso.

 

QUEM É?

Comecei como redator na Y&R Frankfurt, me tornei diretor de criação na Ogilvy Frankfurt, iniciei com Walter Lürzer a TBWA Frankfurt, reiniciei com Walter Lürzer a Lürzer,Conrad em Frankfurt, juntamos a agência com a Leo Burnett, e formamos a Michael Conrad & Leo Burnett. Fui nomeado CCO da Leo Burnett International e alguns anos depois CCO e Vice-Chairman da Leo Burnett Worldwide. Nisso, a Leo Burnett foi nomeada Agência do Ano em 27 países, incluindo a Leo Burnett USA, que foi a AdAge’s Global Agency of the Year em 2001 e a mais premiada do mundo pelo Gunn Report em 2002. Me aposentei em 2003 e comecei a conceber a Berlin School of Creative Leadership, que abriu suas portas em 2006.

---

3 - Luiz Filipe Carvalho

 

PROJETO

O projeto mais hacker do qual eu participei e ainda participo foi a criação da startup Hakkuna (biominas.org.br/blog/2016/06/20/entrevista-startup-hakkuna), que desenvolve alimentos proteicos, naturais e sustentáveis, baseados em proteínas de insetos. Foi interessante pois o projeto surgiu de um problema que eu mesmo tive, que era ter acesso a alimentos naturais e práticos para o dia a dia, mas ao mesmo tempo com alto teor de proteínas. Após algumas pesquisas vi que em alguns outros países já se estava utilizando farinha de insetos para fabricar diversos tipos de alimentos e aí me apaixonei pela ideia. Além disso, após ler um estudo da FAO/ONU de quase 200 páginas sobre o assunto, percebi que os insetos seriam o futuro da alimentação e resolvi entrar de cabeça nesta empreitada.

 

APRENDIZADO

Através desse projeto venho aprendendo que o foco no que se quer é fundamental para o sucesso. Podemos escolher focar no que está dando errado ou no que está dando certo e muitas vezes é esse foco que pode determinar se chegaremos ou não ao objetivo que queremos alcançar. Além disso, sempre temos que fazer escolhas e muitas vezes podemos achar que essas escolhas não foram as mais corretas, mas não acredito no conceito de certo ou errado. Acredito que os "erros" são aprendizados, através dos quais devemos nos alavancar para atingir os objetivos que queremos. Neste caminho da vida devemos perceber que só nós mesmos é que temos o poder de transformar a nossa própria realidade. Ninguém mais pode fazer isso por nós. Creio que devemos nos colocar um objetivo e começar a fazer algo para alcançá-lo. Isso nos dá um norte para seguir. Muitas vezes ficamos sempre no projeto, nas ideias, mas se não fizermos algo efetivamente para começar o que queremos, nunca sairemos do lugar. Aprendi que não precisamos saber exatamente como todas as coisas vão acontecer: elas vão se arrumar durante o percurso, onde vamos ajustando seu rumo, afinal, é tudo sobre a jornada, não sobre o destino final.

QUEM É?

Sou mestre e engenheiro de materiais formado pela UFSCar. Fui engenheiro trainee numa grande multinacional no ano de 2013. Terminado o programa de trainees, pedi demissão para seguir o meu sonho grande: empreender. Já fui acelerado pela Startup Farm, maior aceleradora de Startups da América Latina num projeto anterior, através do qual muito aprendi. Hoje com a Hakkuna fazemos parte da GrowBio, uma iniciativa de aceleração de empresas da Biominas Brasil, e trabalhamos para introduzir os insetos na alimentação dos brasileiros.

---