[inspiração hacker] > post 07

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Unplanned

Este é o sétimo post da série [inspiração hacker], parceria do Unplanned com o Hack Town (www.hacktown.com.br).Nele, teremos a participação de Scott Shigeoka, Hilaine Yaccoub e Pedro Gravena.

Para conferir os posts anteriores, é só clicar nos links abaixo:

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Post 01 > Manuela Colombo / Luciano Freitas / Fabrício Teixeira
Post 02 > Janaína Borges / Marc Shillum / Ernesto Abud
Post 03 > Dilson Laguna / Lourenço Bustani / Cindy Gallop
Post 04 > Silvia Curiati / Paula Dias / Facundo Guerra
Post 05 > Antonio Marcos Alberti / Julio Mossil / Daniela Brayner
Post 06 > Matthias Hollwich / Alex Bretas / Fabiana Soares

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1 - Scott Shigeoka

PROJETO

Sou muito feliz em fazer parte do crescimento do Saga Movement na Islândia (www.facebook.com/WeAreTheSagaMovement). É uma iniciativa co-criada que está aproximando as pessoas para imaginar um futuro mais sustentável. Nós reunimos líderes que vem se destacando para participar de bootcamps de impacto social, realizamos festivais de música com propósito (www.sagafest.is), e apoiamos artistas em trabalhos colaborativos com as comunidades locais para criar arte. Existe uma completa confiança entre todos os envolvidos, além de uma forma distribuída de liderança. Participantes anteriores acabaram lançando novos negócios e projetos como resultado deste envolvimento. Por exemplo, um artista envolvido na residência artística de 2015 liderou o desenvolvimento da residência artística de 2016. Outro exemplo: o grupo por trás da barraca de hambúrguer no festival de música de 2015 acabou conseguindo um espaço permanente no centro de Reykjavík para inaugurar a primeira hamburgueria totalmente orgânica do mundo.

 

APRENDIZADO

À medida que fazemos a transição para um novo modo de vida e trabalho conjunto, é importante entender tanto a jornada da liderança e a forma como ela é distribuída. Como permitimos que os participantes de um festival ou bootcamp, por exemplo, tenham o trajeto para se tornar um líder na edição seguinte? Ao diversificar as pessoas que lideram a concepção e implementação de uma organização, programa ou experiência, somos capazes de ser mais inclusivos e a contar com insights radicalmente diferentes.

QUEM É?

Comecei em uma startup de empatia, pensando sobre como poderíamos criar um movimento em prol da empatia nas escolas mundo afora. Em seguida, me tornei um jornalista de música para a edição do jornal Washington Post entregue no trajeto ao trabalho em D.C, chamado Express. Em seguida, me mudei para a Islândia com um amigo da MTV e Fullbright, explorando o papel da música no moderno movimento ambiental que acontece no país. Foi então que fundei a ideia do “Saga Movement”, que desenvolve projetos liderados pelas próprias comunidades e outras experiências na Islândia que trabalham em prol de um futuro mais sustentável. Também trabalho na OpenIDEO, onde apoio comunidades ao redor do globo com o lançamento de projetos e experiências focadas no design de soluções para os desafios sociais mais difíceis do planeta.

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Hilaine Yaccoub

 

PROJETO

Eu não diria que liderei um projeto hacker, mas que fiz parte por um período e enxerguei um fenômeno incrível num lugar lotado de estigmas: uma favela. Durante o trabalho de campo de doutorado na favela Barreira do Vasco no RJ aluguei 3 casas em 3 pontos diferentes de uma favela, fui até lá estudar os famosos "gatos" de energia. Pouco tempo depois já estava investigando os "gatos" de energia, de internet, de TV por assinatura, água. Depois de integrar a favela e os diferentes grupos que ali vivem, estreitei laços com uma galera muito atuante na Associação de Moradores. Pessoas que tinham um comprometimento participativo muito grande, passei a fazer parte emprestando meus serviços como "fotógrafa". Na verdade, eu havia comprado uma câmera semi-profissional para registrar tudo que vi e vivenciava. Depois de 3 anos vivendo intensamente o dia a dia daquele lugar, fui cooptada por um grupo que se autodenomina de "nossos". Ao fazer parte entendi que era uma rede social de assistência mútua, um grupo pequeno que partilhava os mesmos valores e praticava uma economia íntima, havia trocas, compartilhamento, solidariedade, e os "gatos" todos que estuda eram uma das expressões desta lógica de consumo. Estava ali, na minha frente, um consumo colaborativo na sua essência.

 

APRENDIZADO

Ao vivenciarmos experiências sem travas, ou olhar viciados podemos enxergar muito mais que os signos nos mostram. No meu caso, ao levantar todos os estudos das ciências sociais (sociologia, antropologia, história etc) percebi que a maioria tratava de questões ligadas a hipossuficiência, carência, violência entre outros assuntos que expressavam dificuldades e sobrevivência. Ao me dar conta disso, percebi que eu não tinha vivenciado nada negativo, muito pelo contrário, vi e compartilhei, de um movimento que hoje se encontra na vanguarda do pensamento econômico mundial. A favela não pode ser explicada apenas por determinados fatores, ela é muito mais. Era preciso levantar essa bandeira e apenas uma visão atenta e uma experiência profunda poderia me dar substratos para entender a dinâmica. Havia violência? Sim. Havia problemas de infraestrutura? Sim. Havia desigualdade social? Sim. Mas também havia compartilhamento, solidariedade, uma força e reciprocidade que nunca havia percebido. Ao invés de buscar soluções em outros países, acredito que muitos bons exemplos podem estar debaixo do nosso nariz, basta saber olhar, valorizar, aprender e reproduzir.

 

QUEM É?

Sou doutora (PhD) em Antropologia do Consumo (UFF-RJ) e acredito ter como grande diferencial a capacidade de fazer a ponte entre o conhecimento acadêmico e a aplicação no mercado. Tenho uma enorme paixão pelo meu ofício, e acredito que a empatia e habilidade de investigar tendências, conceitos, oportunidades e inovações no campo do consumo sejam um diferencial atualmente. Meu trabalho consiste em chegar o mais fundo possível no assunto investigado, human to human, para isso, somo as duas ferramentas mais importantes para um pesquisador: conhecimento acadêmico teórico e pesquisa de campo (etnografia, observação participante e olhar antropológico). Atualmente trabalho como consultora independente, pesquisadora, escritora, palestrante e também realizo coaching e mentoria individuais ou em grupo e também em empresas que desejam aumentar repertório analítico e conhecimento sobre temas relacionados ao consumo contemporâneo e comportamentos socioculturais (www.hilaineyaccoub.com.br). Desenvolvi uma consultoria que eu chamo de tenha uma antropóloga por um dia", onde através de um trabalho continuado realizo inputs teóricos focalizados em achados, insights, produção de conteúdo para agências de publicidade, marketing e business intelligence.

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3 - Pedro Gravena

 

PROJETO

Tive a sorte de participar de vários projetos disruptivos dentro da propaganda. Mas o que mais me deixa feliz hoje é o meu laboratório de invenções o Grão Lebbi (www.facebook.com/graolebbi). O Grão é o lugar onde consigo exercer a criatividade livre, onde não paramos para perguntar porque fazer alguma coisa, simplesmente saímos fazendo. E depois pensamos se aquilo vira uma ideia ou não. É exatamente o oposto do que acontece com a propaganda, onde passamos a maioria do tempo pensando de depois executamos. No Grão a gente só se pergunta porque NÃO fazer, se tivermos 5 argumentos contra, paramos, senão fazemos.

 

APRENDIZADO

O aprendizado do mundo maker é fantástico, libertador. Porque sempre fomos ensinados a acreditar que não é possível mudar a realidade a nossa volta, que as coisas dependem sempre de uma grande corporação que venha, inove, e salva nossas pobres almas. Mas na verdade, com a automação da fabricação digital, qualquer um com o equipamento certo pode fabricar uma inovação em casa, que mude a realidade a sua volta. Isso é uma revolução, a descentralização da solução.

QUEM É?

Sou publicitário, trabalhando com digital há mais de 15 anos. Tive a sorte de participar de muitas campanhas inovadoras de sucesso, como a Nivea Doll, Speaking Exchange (CNA), Reality Advertising para Super Bonder, entre outros. Durante minha carreira conquistei 2 Grand Prix no Festival de Cannes um em 2005 e outro em 2014, somando um total de 43 leões, e sou um entusiasta da cultura maker, desde que nasci.

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