[inspiração hacker] > post 05

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Unplanned

Continuando a série [inspiração hacker], parceria Unplanned e Hack Town (www.hacktown.com.br), contaremos nesse quinto post com a participação de Antonio Marcos Alberti, Julio Mossil e Daniela Brayner.

Para conferir os posts anteriores, é só clicar nos links abaixo:

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Post 01 > Manuela Colombo, do Luciano Freitas, do Fabrício Teixeira
Post 02 > Janaína Borges, o Marc Shillum e o Ernesto Abud
Post 03 > Dilson Laguna / Lourenço Bustani / Cindy Gallop
Post 04 > Silvia Curiati / Paula Dias / Facundo Guerra

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Vamos lá.

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1 - Antonio Marcos Alberti

PROJETO

Em 2008, estava cansado de fazer pesquisa científica incremental, com pouca novidade e sem aplicação real na sociedade. Pensei: se for para continuar como pesquisador, tenho que fazer algo novo. Procurei então por alternativas: (i) convergência homem-máquina; (ii) superinteligência artificial; e (iii) nova arquitetura para a Internet. Como as duas primeiras estavam longe da minha área, escolhi a terceira. Surgiu então o projeto NovaGenesis (www.inatel.br/novagenesis). A NovaGenesis é um novo conjunto de conceitos e tecnologias para substituir o núcleo da Internet atual. Ela é uma resposta a pergunta: Se não houvesse Internet hoje, como você faria uma? O projeto hoje possui um protótipo, artigos científicos que comprovam suas vantagens e principalmente, algumas de suas ideias já estão sendo aplicadas em soluções reais de mercado. Entretanto, o desafio está só no começo. Uma nova versão código aberto ainda precisa ser desenvolvida, criando uma comunidade e quem sabe fazendo a transformação da Internet de verdade. 

 

APRENDIZADO

Alguns anos atrás eu estava na Futurecom, maior feira do setor de tecnologia de telecomunicações do Brasil. Explicando sobre as vantagens do projeto para um diretor de uma grande empresa do setor. Lá pelas tantas, ele perguntou: tá bom, mas como vocês mantêm as atuais tecnologias da Internet nessa proposta, tendo tantas novidades? Eu disse, não mantemos, nós tiramos fora. Ele responde: você tá louco. Ninguém tira fora o TCP/IP, como são chamados os principais protocolos da Internet atual. É muito difícil, muito mesmo, fazer a disrupção no núcleo da Internet. Os interesses envolvidos são na ordem de bilhões de dólares. Mas, como todas as tecnologias atuais, um dia a disrupção chega. No meu caso, o exercício que fiz foi simples, apenas me libertei das amarras das propostas atuais e deixei a mente livre para pensar como seria se fosse feito de novo. Acho que para hackear a realidade, sair da caixa, é preciso imaginar/simular por muito tempo “como poderia ser se não fosse do jeito que é.

QUEM É?

Minha carreira é o que se poderia chamar de tradicional para professor universitário. Fiz pós-graduação assim que me formei. Fui até o fim da formação possível (doutorado) e depois comecei a dar aula de engenharia de telecomunicações. Entretanto, sempre tive interesse por outras áreas. Tenho um irmão formado em artes e outro doutor em biologia. Meu pai é formado em filosofia e direito. Minha mãe professora. Sempre discutimos sobre tudo em casa. Hoje, continuo de olho nos assuntos (i) e (ii). É interessante, como aos poucos eles vão chegando perto da NovaGenesis. Faço parte do Movement for Indefinite Life Extension (MILE), que visa ampliar por tempo indefinido o tempo de vida das pessoas usando tecnologia. Também tenho interesse em incluir inteligência artificial em meu trabalho. Vamos em frente, hackeando outras fronteiras.

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Julio Mossil

 

PROJETO

O projeto foi o primeiro álbum oficial da carreira do rapper Rashid (rashid.com.br). Você pode até se perguntar o porquê desse trabalho ser tão especial, uma vez que álbuns independentes são lançados todos os dias. Eu digo, porque esse trabalho teve todas as preocupações de um lançamento de uma grande gravadora, a produção (tanto executiva quanto musical) tiveram todos os processos muito bem planejados e executados, Nessas horas o que se destaca é a competência da equipe Foco Na Missão (empresa que fazemos parte), tive liberdade dada pela Dani Rodrigues (empresária) e pelo próprio Rashid para executar meu trabalho e o resultado é um disco dos mais comentados do ano, álbum que conta com participações de Mano Brown, Criolo, Max de Castro, Alexandre Carlo (Natiruts), Izzy Gordon entre outros. Lançamento digital e físico a nível nacional bem trabalhados, noite de autógrafos completamente lotados, e uma ótima recepção da crítica musical nacional e internacional.

 

APRENDIZADO

Sonho, Análise, Organização, Realização e Resultado. É importante acreditar nos seus sonhos, trabalhar e deixar o resultado fazer barulho, saber que nem sempre as coisas acontecem no tempo que esperamos, mas quem trabalha alcança o resultado.

 

QUEM É?

Hoje percebo que tudo que vivi me preparou para fazer o que faço: da venda de refrigerante em farol, gerente comercial, até agente e produtor artístico. Temos uma caminhada de muito trabalho. Já trabalhei com diversos artistas como Patricia Marx, Fernandinho Beat Box, Akua Naru (EUA), Slim Rimografia, entre outros. Há quase 3 anos, trabalho na Foco na Missão Produções com o rapper Rashid, entre trabalhos de trilhas e áudios publicitários. 

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3 - Daniela Brayner

 

PROJETO

É difícil escolher apenas um. Desde que abri minha empresa escolho os projetos que acredito de verdade que podem transformar ou mudar alguma coisa. Esse foi meu objetivo de vida quando pedi demissão de uma grande empresa pra me arriscar na vida de empreendedora. Mas para citar exemplos, eu diria que o PICNIC Brasil (picnicbrasil.com), festival de inovação que eu fui lá em Amsterdam "buscar", e do qual sou diretora geral. Tem sido uma experiência muito rica. Ainda mais porque inventei de juntar com outro projeto da minha empresa, a Maker Faire Rio de Janeiro.

A Nuvem Criativa (nuvemcriativa.com.br) tinha acabado de nascer e eu já estava lá em Amsterdam a convite da Waag Society, negociando a vinda do festival para o Brasil. Já nos primeiros meses entendi que precisava abrir várias possibilidades ao mesmo tempo, pois a cada 10 ideias ou projetos que você se envolve, só 2 ou 3 dão certo mesmo. E o PICNIC me ensinou muito, pois enquanto eu ia organizando o festival, negociando com pessoas de uma cultura de negócios bem diferente da nossa, eu também ia tocando projetos menores que foram criando o que é a empresa hoje. Aprendi a lidar com todo tipo de imprevisto, a controlar expectativas, tipo sair de uma reunião em que te prometem mil coisas e depois não dá em nada e até fiquei mais esperta pra vender minhas ideias (é muito comum apresentar algum projeto pra empresa grande, receber um "não temos verba pra isso agora" e depois ver a mesma empresa desenvolver sua ideia por conta própria). E aprendi que tudo que dá errado no caminho é muito bom no final das contas, porque você aprende na marra e fica mais sagaz na próxima.

Capitanear um festival gigante como esse é complexo, você precisa lidar com pessoas de personalidades diferentes, de mundos diferentes. Essa experiência daria um livro. Outro projeto que faço todo ano é o Designathon, um evento maker pra crianças. Elas tem que criar e prototipar soluções para as suas cidades. O que é transformador porque é um exemplo do que as escolas poderiam fazer hoje. E como são várias cidades no mundo inteiro conectadas por vídeo, você vê que apesar de muito diferentes entre si, as crianças tem o mesmo brilho nos olhos, a mesma vontade de ajudar o outro, de melhorar a vida das pessoas. Isso sempre mexe comigo, sempre penso que o que rola nas escolas hoje é limitador, e com certeza a gente teria menos problemas se o aprendizado fosse mais livre. A minha equipe aqui no Rio estava preocupada se as mesinhas estavam bonitas, se tinha littlebits suficientes, e aí aparece Nairobi no vídeo, num lugar com pouquíssimo recurso...

 

APRENDIZADO

Eu não sei se sou o melhor exemplo, mas não acredito em planejamentos de longo prazo, em fazer tudo seguindo o manual. Se você quer transformar sua realidade, você tem que começar fazendo. Qualquer coisa. Eu não sou filha de milionário, não tive grana pra abrir um super espaço de trabalho ou investir na empresa do jeito considerado normal. Muito pelo contrário. Se eu tivesse planejado, no estilo plano de negócios, análise de mercado e as mil regras do empreendedor de sucesso, a Nuvem Criativa não teria saído do papel.

Eu simplesmente comecei a desenvolver o que eu acreditava, sem grana mesmo, e aos poucos a empresa foi crescendo. Mas eu também não quero ser grande, não quero que meus dias sejam assinar papéis atrás de uma mesa e ter aquela vida de fazer social em coquetel cafona. Mas uma coisa muito importante é que eu tenho uma família maravilhosa e meus pais tem casa própria. Então na pior das hipóteses, se tudo desse errado eu teria que voltar a morar com meus pais ou voltar a trabalhar pros outros, coisa que eu odeio porque preciso de liberdade. Não consigo me adaptar muito bem tendo que criar ou pensar algo de acordo com o que é estratégico pra empresa naquele momento. Não sei se isso vai ajudar alguém, mas pra mim deu certo, me sinto livre, faço o que quero na maioria das vezes.

Só é importante ter disciplina e estar sempre correndo atrás de novas oportunidades. E claro, essa não é a realidade da maioria, nem todo mundo pode se dar ao luxo de cair na casa dos pais se der errado, mas na maioria dos casos, eu recomendo arriscar. Ainda mais hoje com tanta tecnologia gratuita disponível, em 5 minutos você tem site, uma rede, parceiros, é só se dedicar, ser profissional, ter ética, não passar por cima de ninguém e não deixar o sucesso ser mais importante que você.

QUEM É?

Sou fundadora da Nuvem Criativa, diretora geral do PICNIC Brasil e da Maker Faire Rio, curadora de festivais de cultura digital, maker e tudo ligado ao uso criativo da tecnologia. Organizo hackathons pra empresas, eventos e até escolas. Trabalhei na área de economia da FIRJAN, cuidando de economia criativa. Trabalhei um tempo na conspiração filmes, Globosat, festivais de cinema, sou consultora de diversas instituições e formada em filosofia.

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