Iniciamos hoje uma nova série aqui no Unplanned, fruto de parceria com um dos eventos mais inovadores do país, o Hack Town (www.hacktown.com.br). É o [inspiração hacker], que vai rolar por aqui ao longo de alguns meses e depois deve virar ebook. A ideia é mostrar, a partir de exemplos e aprendizados reais, como, independente da área, dá pra gerar transformação – seja no seu segmento, na sua carreira, na sua comunidade, no seu mundo, e até mesmo em todo o mundo.
A cada postagem, vamos reunir 3 pessoas de disciplinas bem diferentes, mas com alma hacker e pegada maker, que vão nos contar um pouco sobre o projeto mais transformador do qual fizeram ou estão fazendo parte. Além de compartilhar com a gente algum aprendizado útil e inspirador pra quem deseja transformar / hackear a própria realidade.
Nesta primeira edição, teremos a Manuela Colombo, o Luciano Freitas e o Fabrício Teixeira.
Vamos lá:
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Foi o Quadra Amiga, que realizei junto com a Carol do Café na Rua (aqui você encontra mais informações sobre a edição Pompeia e Vila Mascote: cafenarua.org). Foram alguns meses de trabalho para cada local, onde fizemos mapeamento, identificação dos atores e ativos locais e depois partimos para as intervenções criativas na rua / espaço público e eventos, buscando um novo significado para o espaço e provocando essa sensação nos moradores e visitantes.
A sua rua ou praça pode ser diferente. O seu vizinho pode entrar nessa com você. Qual o potencial do local onde você mora? Quais as potencialidades e oportunidades? Quem pode entrar de parceiro nessa? Podemos transformar o espaço que nos rodeia. É um exercício sem volta.
Por muitos anos fui advogada na área de Propriedade Intelectual. Quando fui fazer mestrado em Berkeley, Califórnia, me dei conta que minha relação com a cidade de SP não era ideal. Assim que voltei pra cá mudei muito minha forma de viver. Assim me tornei parte da organização Conexão Cultural, que ajudei a fundar. Depois comecei a organizar eventos culturais em espaços públicos e tours de grafite para apresentar a cidade de uma forma diferente. Abandonei a carreira de advogada e hoje trabalho na Prefeitura para fomentar parcerias positivas para a cidade de SP.
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Não tive apenas um projeto transformador. Empreender é transformador por si só. Desde os inícios das operações do Airbnb (www.airbnb.com.br), onde as pessoas com quem eu conversava não sabiam pronunciar o nome e tínhamos que convencer os anfitriões a abrirem as portas de suas casas para receberem estranhos vindo do mundo inteiro, até criar minha própria empresa, a Nuveo (www.nuveo.com.br), onde as coisas só irão acontecer se fizermos acontecer. O processo de transformação individual começa a acontecer quando os recursos têm que partir de você e não do projeto/empresa.
Trabalhar em startup pode ser um grande primeiro passo para quem quer empreender, pois foi lá que eu aprendi a 'fazer mais com menos' (e às vezes, com nada) e isso me tornou mais forte como profissional e ser humano. Esse estilo de trabalhar mais 'artesanal', de certa forma, me fez olhar para mim pois ao contrário de uma empresa grande e tradicional e bem estruturada. Em uma startup você é a estrutura e, para isso, é preciso estar inteiro e ser você mesmo -- não é tão simples como parece.
Sou formado em Música (regência) e fui pianista erudito pela maior parte da minha vida. Além de músico, sempre fui vidrado por disrupção mental e tecnologia, com 11 anos já construía sites no bloco de notas e com 15 comecei a estudar hipnose. Quando decidi mudar de carreira, me aprofundei no marketing e comunicação. Foi quando eu integrei a equipe fundadora do Airbnb na América Latina e fiz meu MBA. Desde lá eu co-fundei duas startups, faço parte da rede da Springpoint e hoje sou gerente de marketing na Uber.
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Democratizar o acesso a conteúdo de UX. O projeto começou há mais de 10 anos, com um pequeno blog criado para falar de um assunto completamente nichado (arquiteturadeinformacao.com). Naquela época, User Experience (UX) ainda era conhecido como "Arquitetura de Informação", e o número de profissionais no Brasil não passava dos dois caracteres.
A missão do projeto sempre foi democratizar e tornar acessível. Existe muita coisa sendo publicada online sobre UX, mas quase nada em Português. Como trazer alguns conceitos complexos, vindos de uma realidade de mercado diferente da nossa, e tornar o entendimento e disseminação desse conteúdo mais acessível para a comunidade de designers brasileiros?
O projeto tem dois princípios fundamentais.
O primeiro é evitar a complexidade excessiva e os jargões que são comuns a qualquer nova disciplina. Muitos profissionais alimentam o uso de palavras super complicadas para defender sua posição de especialistas – mas ao mesmo tempo não percebem o quanto isso prejudica a entrada de novos profissionais no mercado, e todo o amadurecimento da disciplina que isso trás. (mais aqui: http://arquiteturadeinformacao.com/user-experience/a-ux-das-palavras-dificeis-e-a-ux-das-palavras-faceis/)
O segundo é nunca ter publicidade ou parcerias comerciais. Nunca. Independente do tamanho do blog, do número de inscritos e do potencial de faturamento por se tratar de um nicho tão específico. Durante os anos vimos muitos de nossos veículos-ídolos se renderem a isso, e quase instantaneamente deixarem de ser nossos ídolos. O objetivo é nunca deturpar a linha editorial do blog baseado em interesses comerciais. (mais aqui: http://arquiteturadeinformacao.com/arquitetura-de-informacao/por-que-nao-tem-publicidade-aqui-no-blog/)
Com o passar do tempo o blog cresceu, foi ganhando visibilidade, e hoje se transformou no maior veículo sobre UX da América Latina. A missão agora continua no uxdesign.cc, um veículo que segue os mesmos princípios, agora em inglês. Este ano o projeto já se tornou o maior canal do Medium sobre UX, no mundo, com mais de 95 mil seguidores em vários canais.
A ideia é continuar "hackeando" o mercado editorial sobre UX e Design, levando o conteúdo para o maior número possível de profissionais, e continuar sendo 100% isento e imparcial.
O aprendizado é que tudo é possível, se você tiver paciência e não desistir logo dos planos. Hoje percebo que o prazo médio que uma pessoa tenta fazer um novo projeto dar certo é de 3 meses. Para eu sentir que esse meu projeto maluco daria certo, levou 5 anos. E foram cinco anos investindo pelo menos trinta minutos por dia escrevendo algo e publicando. Todos os dias da semana.
Trabalho com UX há 12 anos, metade deles nos EUA. Tive passagem por algumas das maiores agências de publicidade do mundo: Isobar/AgênciaClick, Crispin Porter + Bogusky, e R/GA. Hoje tenho como missão democratizar e expandir o acesso a conteúdo de UX, dentro e fora da agência.
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