Frustrações crescem mais rápido sob luz artificial

POR

Rapha Barreto

Strategic Planning VP na FCB Brazil

‍Esse é um título de um anúncio gringo da Timberland. É um dos preferidos de um amigo meu, o Marcello Barcelos, um baita redator (ele é meio planner, inclusive). O motivo é bem óbvio: sintetiza, de forma muito elegante, um sentimento universal. Vivemos lutando contra essa energia negativa que nos abala, que derruba e diminui. É universal porque trata-se de um processo análogo a um moedor de carne gigante, triturando os ossos, pouco a pouco, do nosso ímpeto criativo (eu posso até ouvir o craquelar, você consegue?).

Uma das coisas que mais ouço das pessoas do nosso meio – e fora dele – é sobre esse moedor de ímpetos e espíritos criado pelos humanos contemporâneos que, curiosamente, destrói a alma dos mesmos humanos contemporâneos. Alguns desses humanos são, inclusive, malvados. Eles parecem ter um certo prazer de destruir o trabalho alheio. Parecem gostar de humilhar. De espremer. De castigar. De preferir a política ao certo. De tornar tudo medíocre.

Essa escrotidão existe. E, aprendizes de feiticeiro, com seus 20 e poucos anos, parecem achar que este é o jeito certo de ser. Ser duro e tirânico. O processo burro. Os 4 ou 5 charts que explicam o racional de algo que já não tem mais lógica, a estratégia do “porque fulano quer e pronto”. O prazo ema, ema, ema. O anti-prático. Estou falando disso aí que está no ar que você respira, que te mata aos poucos, que transforma a ternura, o respeito, a paciência e a elegância em sinais de fraqueza.

Pois muito bem. Se você ainda não caiu em depressão, recolho meu dedo apontado e proponho algo muito simples, mas que, talvez, você esteja desiludido demais para fazer. Lembre-se disso: antes da chatice, da globalzice, do vamos alinharzice, da racionalice, da medianice, da burocratice, da babaquice e tantas outras zices, você tem o direito sagrado de tentar livremente. O popular – um preferido da casa – “Solta o braço nessa PO**A!”.

Num paralelo bem rasteiro, mas bastante ilustrativo, um amigo meu, que é um dos maiores galãs de micareta de todos os tempos, explica sua técnica de conquista que se aplica a nossa situação: o NÃO você já tem. De 10 meninas, talvez uma ache sua piada sem graça, engraçada. 10 para 1. Gênio. Se a maré estiver bem ruim – ele é bem feio -, 20 ou 30 para 1. Não importa. O que importa é que uma hora, ele consegue.

Admitamos. Muitos trabalhos que nos orgulhamos acabam caindo no grande moedor de ímpetos e espíritos. Isto posto, manda esse moedor praquele lugar (gritando e vociferando) e use sua primeira tentativa, em todo e qualquer job, pra fazer o que realmente acredita. Seja feliz  Os jobs mais legais que tive o prazer de participar foram baseados nisso. Na primeira tentativa: livre, leve e louca. Num processo tão gostoso de fazer que garantia meu ímpeto de brigar exaustivamente pela ideia depois. E pronto. Você, com algum esforço extra, colocou na rua algo que possa se orgulhar. 10 tentativas, 20 tentativas para 1. Não importa. O que importa é que uma hora, você consegue.

Portanto, meu amigo, minha amiga, humano contemporâneo. Destrua suas frustrações abraçando todas as suas primeiras tentativas como se fossem as derradeiras. Se se perderem pelas “zices” da vida, tudo bem, garanta que o processo tenha sido divertido. Mas se você soltou o braço em todos os trabalhos, uma hora, tenha certeza, alguns deles vão sorrir da sua piada sem graça.

(lembre-se de se divertir sempre)