Cansei de ser planner

POR

Vinicius Picollo

Planejador.

A provocação feita no GP 2013 em dezembro passado é pertinente: Somos Estrategistas. Não é de on. Não é de off. Nem de BTL ou de ATL. Da criação ou da mídia. É simplesmente estratégia. À merda com o papel do planejamento (abraço pro Marcio e Caio!)!

Caixinhas incomodam. Rótulos idem. “Isso é área do fulano”. “Isso é área do sicrano.” “Para de fazer job da [insira aqui área].” Planner criativo, planner de experiência, planner de….

Pode ser uma mudança singela, mas importante. Estratégia é muito mais que uma relação de causa e efeito onde um fato antecede ao outro. “Planejar” é o ato de (tentar) anteceder movimentos criando um “plano”. E “planejamento” é o ser que planeja? Não, ele é o ser que pensa COMO será e como se executa este plano.

Bruce Lee com a milenar sabedoria chinesa disse algumas décadas atrás: “Be formless. Shapeless. Like water. If you put water in a bottle, it becames the bottle. If you put in a teapot it becames the teapot. Water can flow or it can crush. Be water my friend.”

O conceito básico é um só. Adapte-se. Seja resiliente, como dizem os RHs moderninhos. Mude de forma, mas mantenha sua força. Porque os cenários sempre mudam e a vida não tem ppt. Nem “salvar como” definitivo.

Por isso faz mais sentido ser estrategista que do que ser planejador. Planejar é uma tarefa. Estratégia é uma busca permanente pelo resultado, pelo sucesso. Estratégia é liquida. Estratégia é adaptável.

Estratégia pressupõe olhar para um objetivo claro (sim, um, e não 4.325) e traçar diversos planos para chegar até ele – pode ser que um funcione, outros fracassem. Estratégia é grande angular. É ter a visão geral, depois focar. Planejamento não define estratégia, ele é subproduto dela (um beijo para você, Sun Tzu!)

Ser estrategista é a oportunidade que temos para ser mais relevantes ao ajudar as empresas a se tornarem marcas. É um processo de dentro para fora. É conhecer e entender dos objetivos do negócio, e ter somente ele como estrela guia – o sucesso do negócio é o único KPI que importa no fim do ano fiscal. Isso pede uma nova atitude.

Precisamos construir relevância estratégica dentro das empresas. Precisamos praticar o desapego: é menos preocupação com caixas, rótulos, cargos, quem eu sou, porque estou aqui, qual o sentido da vida e do derretimento das calotas polares.

É fazer mais. Menos reunião, mais pé na rua. Menos ppt, mais conversa. Menos “por que?” e mais “por que não?”. Menos “eu sei”, mais “o que você acha?”. Menos “I’m the mother fuckin planner owner of the mother fuckin truths of the universe”, mais “the mother fuckin universe changes a lot and we all must adapt to it”.

E a partir desta nova atitude podemos ter uma atuação líquida: palpitar na padronização do piso, treinar o SAC de redes sociais, pesquisar recompensas do plano fidelidade e definir a conduta de canais. E por que não, quem sabe também fazer conceito, propaganda e um belo keynote para contar estas ideias?

Isso é ser líquido. Líquido como a água. Um estrategista com uma atuação líquida em tempos líquidos para marcas líquidas. Ser planner é uma forma. Ser estrategista é um estado.

Be strategist, my friend.