UX Designer / Planner em carreira solo
Foram 3 dias intensos em Santa Rita do Sapucaí: 7 palestras, 1 workshop, 2 visitas a laboratórios de tecnologia, muitas conversas com conhecidos e desconhecidos, além de sanduíches sensacionais na pracinha central. Ainda assim precisei de duas semanas inteiras para digerir todo o conteúdo do HackTown 2016. Foi uma bola dentro ter ido ao festival, tão diverso e que mistura tantas tribos diferentes. Fui em busca de assuntos de tecnologia e encontrei tanta coisa interessante que, durante um fim de semana, sai completamente da bolha da publicidade e da minha zona de conforto. Fiz uma listinha rápida do que eu vi de mais legal por lá:
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Para quem achava que realidade virtual limitava-se ao mundo dos games e da publicidade, foi sensacional conhecer seu papel na busca pela cura de doenças graves. Com um simples smartphone acoplado a um gadget barato, cientistas podem visualizar células reais em tamanho gigantesco para encontrar insights sobre enfermidades e solucionar problemas que até então pareciam impossíveis. Outra área que parece ter saído de filmes de ficção científica, foi apresentada como realidade pela IBM: aplicações de Machine Learning e Cognitive Computing para a área de saúde. Com o projeto Watson Health já é possível trabalhar uma infinidade de dados do paciente, da sua família, do histórico de quem vive na mesma região geográfica, entre outros, vindos de fontes fragmentadas. Assim, fica mais fácil a cura e principalmente a prevenção de doenças graves.
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As tecnologias imersivas, como os óculos VR, também possibilitam que estudantes participem de acontecimentos históricos, como guerras e grandes eventos. Permitem conhecer lugares do mundo e até os planetas do sistema solar, tudo em tamanho real. É uma revolução na educação que começa a virar realidade. No HackTown consegui experimentar o HoloLens da Microsoft, que não é VR, é AR. Interfere no ambiente real e pode futuramente ampliar ainda mais a experiência dos alunos. O outro lado da moeda foi que, ao mesmo tempo em que a tecnologia facilita o aprendizado, há uma busca para que o sistema de educação absorva o aprendizado de tecnologia. O desejo é de que as crianças possam desenvolver software e hardware, colocando suas ideias em prática e realizando sua capacidade criativa. Um exemplo foi o projeto do empreendedor Claudio Olmedo. Ele prototipou uma placa de programação de baixo custo, de apenas US$ 1, que deu o nome de One Dollar Board. Seu objetivo é que até as crianças de países pobres possam desenvolver para Internet das Coisas e Robótica por um custo pequeno, e fez um crowdfunding para dar vida ao seu sonho. Link para contribuir https://www.indiegogo.com/projects/one-dollar-board-arduino#/
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IoT não é assunto novo. Novidade foi ver cases reais. A Residuall já consegue controlar e monitorar a cadeia de gerenciamento de resíduos através de sensores, software e estatística. A startup conecta a empresa geradora do resíduo com as empresas coletoras e consegue gerar uma economia de mais de 60% para os envolvidos, com ganhos incontáveis para o planeta. Outra aplicação prática foi da Inatel, instituto de tecnologia baseado em Santa Rita, que apresentou um sistema de iluminação inteligente com 75 postes instalado no seu campus, capazes de fazer a leitura da luminosidade do local para o acionamento, controle de intensidade e desligamento das lâmpadas, além da leitura de potência consumida da rede.
Novidade também foi entender
o quanto o conceito de Smart Cities e de IoT estão atrelados. Mais ainda, foi conhecer o
desafio dos engenheiros que estão trabalhando para que tudo isso torne-se realidade. Os desafios são gigantes: miniaturizar
todo e qualquer hardware, computador, placa ou chip, para que possam ser acoplados
a qualquer coisa; baterias menores, mais potentes e facilmente carregáveis para
ampliação do tempo de uso dos equipamentos; redução de preço, para que seja
implementável; e vários outros que foram mencionados em conversas e
apresentações. Conheci até um projeto de redesign da arquitetura da Internet, o
Nova Genesis, desenvolvido em Santa Rita. É uma preocupação geral dos desenvolvedores o fato de que a rede atual traz muitas limitações e empecilhos para
que as ideias em IoT possam ganhar vida. Um dos pontos altos do HackTown
foi justamente a possibilidade de conhecer os outros ângulos da inovação.
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Chatbots, VR, Machine Learning, IoT. As aplicações de novas tecnologia no marketing e na publicidade não param de gerar cases sensacionais. Foi interessante conhecer como a empresa Hotel Urbano vem trabalhando projetos de aprendizado de máquinas para entregar conteúdo relevante aos seus usuários e para atendê-los com chatbots. Os algoritmos de Machine Learning são formuladores rápidos de hipóteses, que testam, validam e guardam o que foi comprovado para novos usos. Acho que (ainda) não substituem o trabalho das pessoas, mas conseguem auxiliar, milhões de vezes mais rapidamente que um humano, na tomada de pequenas decisões. No Hotel Urbano, as ferramentas possibilitam mais interações eficientes com os usuários, ampliam a relevância dos diálogos com cada um, e aumentam a conversão. Outro projeto que conheci em uma conversa pós palestras foi o Authorship.me. Quem esteve presente na apresentação saiu impressionado com a promessa de ser um “Photoshop” para redatores. A partir de análises de linguagem, a startup promete ajudar qualquer pessoa a escrever melhor, mais rápido e mais facilmente.
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A diversidade no HackTown foi além da mistura de tribos e de assuntos. De um lado, um pesquisador sueco falava sobre inovações exponenciais e seus impactos. De acordo com suas previsões muito bem embasadas e exemplificadas, em duas décadas os computadores terão a inteligência de um humano com seus 100 bilhões de neurônios e terão impactos sem precedentes no funcionamento de tudo. Do outro lado, representantes da associação de empreendedorismo de Angola mostravam como as demandas de inovação no continente africano não dependem necessariamente de avanços tecnológicos. Tecnologias banais no Brasil podem ser revolucionárias por lá. Basta o entendimento profundo da realidade africana e empreendedores brasileiros podem causar grande impacto no continente. Como exemplo, contaram a história de como um simples sensor de movimento e algumas lâmpadas de Led foram suficientes para resolver o problema de ataques de leões em áreas residenciais. É tecnologia simples resolvendo problemas gigantescos.